segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sobre afetos projetados

Já imaginou um universo dos afetos não transformados em poeira cósmica: Uma vida tão extraordinariamente teimosa que fosse capaz de transpor o tempo e o espaço pelo milagre de uma amizade verdadeira, ainda que o objeto de tal amizade fosse um coração inexpugnável? Se houvesse uma solução contumaz para gente sem solução. Imagine o poder de mudar pensamentos, de tornar o que você sente parte da essencia da pessoa que você ama. De permitir por alguns instantes ou até por semanas ou meses que tudo que existe em você pusdesse ser vivenciado pelo coração alheio. Cada dor, cada sonho, cada gesto, cada afeto visceral. Se fosse-nos dada a capacidade de lançar sobre outrem o sentimento interno, de projetar sentimentos, de modo que alguém os pudesse experimentar. O amanhã seria outro. Gente que se afastou de nós, viria correndo nos abraçar. Pessoas que não nos dão valor, venderiam seus bens pelo direito de estar do nosso lado. Se amassemos demais, claro. Porque quem não tem afeto nada poderia projetar senão seu próprio vazio, sua inquietação e sua continua solidão. Falo de compartilhar afeto, ou da capacidade de transformar outro coração pela capacidade de faze-lo pulsar no mesmo tom. Imagine perceber o que você representa, para outra pessoa, num dado momento. E perceber o pouco tempo que você lhe concedeu. No mundo dos afetos falsos, dos interesses burros, andamos e vivemos em meio a milhares que não nos são próximos, ou que por nós nada, absolutamente, nada sentem. E deixamos de nos aproximar de alguns, aos quais para os tais, somos como uma estrela que resplandece em cada amanhecer.
Que o amanhã se faça hoje, pra que estejamos cada vez mais próximos
daqueles que por afetos que nos foram dados,
temos o poder
de lhes aquecer os corações.
 
Welington

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